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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Borboletas

Voam como aves, mas são muito mais delicadas, muito mais belas, muito mais singelas, misteriosas... De rude lagarta à bela borboleta, de folhas podres, a jardins perfeitos, antes medo e hoje alegria, ontem escarradas no mundo, e hoje sobrevoando sua perfeição.
Voam e deixam cair o pó de suas asas, e dele a esperança paira, traz consigo a beleza que o divino deixará, voa e sem destino nem lembra de onde viera, voa e volta como se nada tivesse acontecido, e nada não é nada, e tudo é tão pouco.
Voam borboletas e andam pelo mundo trazendo alegria dos jardins inefáveis, voam pelo mundo e até o próprio inferno levam beleza, e do próprio inferno trazem maldade e medo. Crianças, pobres de alma como todo ser humano, brincam de caçar a existência do divino que nela contém, brincam de caçalas e mostram ao mundo de forma inocente seu caminho.
Borboletas passeiam por volta de probres escritores insanos no meio da madrugada de uma lua cheia, de uma lua que trairá seu amante, e que de novo o faz seu admirador andante...borboletas o seguem pelas ruas frias e escuras, borboletas o seguem para trazer um pouco de companhia, borboletas o trazem inspiração para se libertar um pouco das grilhetas desse mundo perdido, borboletas o fazem cansar os dedos, e acompanham esse pobre e singelo humano que conversa com os dedos, com as teclas, com a tela, com o nada...
Borboletas mostram medo do escritor estranho da noite e do dia, borboletas o reconhecem e ao seu lado andam mesmo morrendo, borboletas andam do seu lado porque não sabem que ele é, borboletas andam ao seu lado por pena da vida que tem, borboletas pairam e nem sabem porque, borboletas o guiam e só ele sabe pra onde...
Borboletas se fazem na mente dessa criança esquecida, fadas negras o guiam pelo dia, fadas negras e borboletas são os mesmos seres, fadas negras são as mesmas pessoas, borboletas são as mesmas fadas negras...
Um andante sozinho chora por dentro e ao seu lado só sentam elas....borboletas...um andante que para pra chorar quebra sua vivência, e a quebra por que sua vida quisera quebrar, e as borboletas o observam para contar adiante, o trágico conto que se da ante ao mar...
Borboletas chamam outros para seguir seu lugar, borboletas ajudam os outros a seu amo chegar, borboletas o fazem e nem sabem por que, seu amo sabe e não sabe contar, borboletas o guiam e somem, e ajudam mas, não sabem amar...

Um comentário:

  1. Que lindo! Parabéns mesmo! Eu adorei, meu mais novo retrato de Augusto dos Anjos.

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