Páginas

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"Algum homem primitivo um dia inventou a faca, para cortar peles e alimentos. Eis o cientista. Outro roubou seu invento e então o usou para matar. Eis o empresário. Outro regularizou aquele roubo e os assassinatos. Eis o político. Outro justificou a matança dizendo que era o desígnio de algum deus. Eis o religioso."
Francisco Saiz

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Meu ópio

Meu ópio sai de minha mente
E retorna pelos olhos
Cheios de dúvidas,
Que desenham o mundo afora
Em preto e branco,
Às vezes em vermelho
E quase nunca colorido...
Meu ópio me faz viajar
Por linhas e pontos,
Azuis ou pretos,
Cinzas ou brancos,
Que viajam
Em um fundo branco,
Às vezes listrado,
Às vezes esquecido...
Meu ópio é às vezes respirado,
Às vezes visto,
Às vezes ouvido
E às vezes vem do nada...
O meu ópio esta em olhos escuros
Ou num único olho branco ao céu,
Às vezes coberta por um véu
E às vezes envergonhada...
Meu ópio me da vida;
A tinta ou o grafite
Faz viver o plástico, o papel
Que guia minha mão numa dança incansável,
Que guia meu corpo
Acelerando o coração,
Deixando de lado o olfato e a audição,
O tato e a visão...
Meu ópio vem de tudo e vem do nada
E transforma minha mente,
Viaja por cada átomo
Que ajuda minhas mitocôndrias incansáveis...
O meu ópio me entorpece por minutos
E quero mais, sempre mais,
Sem ele não vivo,
Sem ele apenas existo.
O meu ópio me da vida
E me faz ver tudo de forma diferente;
E as lágrimas do meu ópio
Limpam os meus olhos
E apagam as cores, e colorem às vezes...
O meu ópio não tem nome,
Não tem cor,
Não tem dono...
O meu ópio me entorpece
E, mostra-me o eu,
E o outro eu,
Mostra o nós,
O eles...
O meu ópio me castiga,
Alegra-me, me traz ódio e amor,
O meu ópio é meu filho, é meu pai
E meu irmão.
O meu ópio sou eu mesmo,
O meu ópio é ninguém...
01:54
02:07
19/10/2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Monólogo

Ahh... eu andei por caminhos distantes,
Tortuosos e imaginários-
Antes fossem reais, físicos-
So eu sei como é
Rodar dentro de mim mesmo,
Sem compreender ou acompanhar
O fluxo de pensamentos,
De alento, de sofrimento.
Só eu vejo o que vejo,
De que forma vejo,
Distorcido pelo meu espelho
E, pelos meus olhos tristes
Que as lágrimas  retorcem...
Só eu sei  o que ouço
E como ouço a minha voz,
E a de minha consciência,
Onde o anjinho que sussurra
Morreu  e ficou calado...
E só eu sinto que o sol queima
E a lua não,
Que impera a maldade onde ninguém vê;
Onde todos não veêm nada...
E sou ando nos caminho que todos têm medo,
Que outrora foram estradas  conhecidas,
Hoje abandonadas...
E só eu sei como é falar sozinho
Criar sozinho, viver sozinho...
Só eu sei o que escrevo,
Só eu sei o que eu sei...

Encenado

Encenado: andamos enfaixados,
Disfarçado: vivemos da fachada
Com medo da nossa essência guardada,
Mal sabemos de nós pobres perdidos...

Fugimos de nós mesmos e de todos
Como se o palco tivesse saída,
Contentamo-nos com essa ferida,
E chamamos isso de vida?

Subimos escadas para baixo
De queixo erguido,
Esperando o golpe

E ele vem à galope.
E nem se sente,
E você mesmo mente...

02:26
02:32
13/10/2010

Faminto

Faminto estive; Sem alento
Retorcido; jogado ao vento,
Com paixões distorcidas
Remoendo Feridas

De dias frios que machucam
E de raios de sol que nos culpam,
Da ontologia desmascarada
Da morte de si; da vida fadada.

Faminto morri seco
Sem forças pra estar à esmo;
é mesmo?

Faminto o cárcere chama,
Expurga e queima na cama...
E faminto fica, e fica faminto...

20:54
21: 25
09/10/2010