Páginas

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Infortúnio

Infortúnio: é o medo, falta de coragem
De seguir adiante, e manter-se infrato.
Infortúnio: é olhar pros lados
Porque se quer fugir, e de novo o medo
E ainda manter-se desfalecido
Mesmo com mãos para levar-te.
Infortúnio: é calar e pedir o adeus,
Como se nada importa-se,
E nada importa, mas a questão é contrária
E o infortúnio é o medo novamente...
Infortúnio: é que o adeus veio sem nem ter tido um – oi,
E nada existiu, e nada faltará,
Só o medo novamente se apegará.
Infortúnio: é ter pena - sentimento vulgar;
E ri-se dele, e ri-se do medo, e ri-se de tudo.
Infortúnio: é sentar-se é rir adiante.
Acabou e nem começou.
Infortúnio: foi ser egoísta no pensamento,
Dar adeus a seu alento.
Infortúnio: é o que sobra,
É na nevoa se some,
E no nada se esconde.
Infortúnio: cai-se desfalecido
Levanta-se renascido.

03:10 ~
03:15
28/04/2010

Deixa-me Gritar

Deixa-me gritar, deixa-me
Pois preciso liberar essa dor.
Venha amante, beije-me
Traga a ilusão desse amor.

Deixa-me gritar ao mundo,
Para ver-me: ouças um pouco
Toca-me amor ao fundo.
Deixa-me gritar e estar rouco.

Deixa-me gritar pois nada importa
E só quero que chegue à meu anjo.
Deixa-me soltar o berro, que do amor brota,
Deixa gritar esse pobre marmanjo...

Deixa-me soltar essa vida
Para que sintas essa força visceral,
Para que de volta venhas da ida.
Que termine esse ciclo, nosso sarau...

04:25
04:33
29/04/2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Sentimento

Os olhos doem, e óculos chamam. A visão já não é tão boa. Mas ela clama por você. Queria poder te ver por completo, cada detalhe de cada detalhe do teu corpo, do teu magnífico ser, da essência de tua alma, até onde eu possa ver. Queria poder ver-te e apenas isto. Dirigir esse sentido a observar lentamente a graciosidade do teu ser, queria poder acompanhar a formosura de cada movimento teu como num ciclo perfeito, como se tudo dependesse de cada movimento seu, e como se cada fio de cabelo seu desse sentido ao mundo todo, e não apenas ao meu. Queira olhar nos teus olhos como se fosse a ultima coisa que eu fizesse. Queria olhar nos teus olhos e me sentir bem até se o mundo terminasse ao meu lado. Queria poder dividir esse sentido com você.
Os ouvidos se distraem, e precisam disso, e são treinados ao mundo. Os ouvidos querem ouvir tua voz, apenas tua voz, e depois apenas o som do vento que transpassa em cada parte do teu corpo vendo você pelos ouvidos. Queria poder ouvir a sua doce voz o tempo todo, ouvir cada fonema como se fosse o ultimo, aproveitar cada letra que saísse de sua boca, como a mais perfeita descrição de qualquer coisa. Queria sentar e ficar admirando a beleza da tua voz descendo suavemente no meu ouvido, mostrando-me que nada mais interessa.
Queira poder sentir-te por inteira, e usa cada sentido junto a você. Estar tão juntos como se nossos sentidos fossem compartilhados. Queria sentir o teu gosto como se fosse a ultima coisa que eu faria, e senti-lo de novo, e de novo, sempre como se fosse a ultima vez, sempre por completo.
Queria tocar-te a pele como se fosse o mais precioso ser, e és este ser, mas nunca te toquei. Queria tocar-te como quem toca a primeira árvore do jardim sagrado, como quem da às mãos à deusa, como quem da às mãos a algo que mal sabe o que é, mas sabe que quer tocar. Queria tocar-te e nunca mais soltar a tua mãe, e sentir a maciez do teu rosto e poder tocar em teus cabelos.
Queria poder unir cada sentido com você, como um anjo que do céu larga tudo pra se juntar a um humano. Queria pode renegar tudo e estar com você. Largar uma imortalidade por algum tempo ao seu lado. Largar qualquer coisa só pra talvez te ver distante. Queria não estar aqui agora sentado escrevendo. Queria pelo menos estar agora, isso aqui te dizendo. Queria não ter essa vontade de morrer, queria ter ao teu lado, uma vontade de eterna de viver.
Queria atravessar o universo, e caos total como se fossemos os donos do mundo, eu seria teu deus, tu seria minha deusa, e juntos elevariamo-nos a um nível nunca existido de sentimento.
Queria pode te ver de verdade, te ouvir de verdade, te provar de verdade, te tocar de verdade... Queria que fosse verdade...

05:15 =~
05:29
19/04/2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Caos Sensitivo


Eu fecho os olhos e vejo seu sangue descendo, assustado, eu tapo meus ouvidos e ouço gritos de medo, o grito do amor.
Eu caio com medo e sinto o cheiro do pavor, sinto o cheiro do amor. Eu adormeço e sinto sua pele dilacerada, sinto-a ensangüentada e por ela vejo sua alma dilacerada.
Eu saio correndo, e seja pra onde eu corra, seja pra onde eu morra você esta na minha frente. E mesmo que eu tropece você estará adiante, sempre à frente.
Eu fico parado, e no meu ouvido você sussurra, você grita nele e me convida, aperta minha mão e guia.
Eu abro os olhos, e a chuva cai sobre minha face, e o sangue dos olhos dilui. As lagrimas limpam o chão. Cai um raio, parece um sorriso rasgando o céu, e a fúria da natureza é apenas você me pedindo pra ir. Amanhece e o sol queima-me o corpo, e você foi embora, e parou de cantar, foi-se a bailarina, o vento, vou embora, pego papel e caneta e rio, e vou esquecer, vou brincar de rimar. 
19:18 – 19:30
07/04/10

Gestalt

Eu dobro a esquina e vejo seus olhos azuis,
Entro em casas me deparando com seus olhos verdes,
Corro atrás de olhos castanhos que nem os seus.
Mas sempre me engano, sempre estou errado,
Pois nunca é você, mas é só isso que quero ver.

E é em todos os olhos que eu vejo os seus,
Nas vozes do mundo que ouço a sua.
É dormindo que sinto seu cheiro,
Em todos os lugares que sinto sua fragrância,
Mas em nenhum lugar sinto sua pele.

Alguém grita, eu corro para ajudar,
Lágrimas caem da tristeza, não era sua voz.
De noite acordo arroubado; um sussurro no ouvido.
Mantenho-me acordado, ouço você na TV,
Ouço você e ninguém vê.
Pois nunca é você, mas é só isso que quero ouvir.

E é em todos os olhos que eu vejo os seus,
Nas vozes do mundo que ouço a sua,
É dormindo que sinto seu cheiro,
Em todos os lugares que sinto sua fragrância,
Mas em nenhum lugar sinto sua pele.

Caminhando bate-me o doce aroma de rosas,
Sobressai-me um sorriso e seu nome.
N’outra esquina retorna-me o cheiro
E dessa vez desce a lágrima
E de novo a fragrância me toca a alma.
E todos olham o sorriso enganado.
Pois nunca é você, mas é só isso que quero sentir.

E é em todos os olhos que eu vejo os seus,
Nas vozes do mundo que ouço a sua,
É dormindo que sinto seu cheiro,
Em todos os lugares que sinto sua fragrância,
Mas em nenhum lugar sinto sua pele.

Eu me deito e rolo, aqui e ali
E no final não é nada.
Outra pele eu quero sentir,
Em muitos lugares procuro,
Em poucos encontro
Mas, você nunca acho
E mundanamente eu me sujo,
Mas, é com você quero inocência,
Pois nunca é você, mas é só isso que quero provar.

E é em todos os olhos que eu vejo os seus,
Nas vozes do mundo que ouço a sua,
É dormindo que sinto seu cheiro,
Em todos os lugares que sinto sua fragrância,
Mas em nenhum lugar sinto sua pele.

Louco eu corro atrás dos teus olhos.
Grito por um sussurro que seja,
Choro a querer o teu cheiro,
Morro a querer a tua pele,
Morro a querer o teu gosto.
Acham que sou louco,
Pois nunca é você, mas é só isso que quero alcançar.

E é em todos os olhos que eu vejo os seus,
Nas vozes do mundo que ouço a sua,
É dormindo que sinto seu cheiro,
Em todos os lugares que sinto sua fragrância,
Mas em nenhum lugar sinto sua pele.
 

16:33
16:55
08/04/2010