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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Meu ópio

Meu ópio sai de minha mente
E retorna pelos olhos
Cheios de dúvidas,
Que desenham o mundo afora
Em preto e branco,
Às vezes em vermelho
E quase nunca colorido...
Meu ópio me faz viajar
Por linhas e pontos,
Azuis ou pretos,
Cinzas ou brancos,
Que viajam
Em um fundo branco,
Às vezes listrado,
Às vezes esquecido...
Meu ópio é às vezes respirado,
Às vezes visto,
Às vezes ouvido
E às vezes vem do nada...
O meu ópio esta em olhos escuros
Ou num único olho branco ao céu,
Às vezes coberta por um véu
E às vezes envergonhada...
Meu ópio me da vida;
A tinta ou o grafite
Faz viver o plástico, o papel
Que guia minha mão numa dança incansável,
Que guia meu corpo
Acelerando o coração,
Deixando de lado o olfato e a audição,
O tato e a visão...
Meu ópio vem de tudo e vem do nada
E transforma minha mente,
Viaja por cada átomo
Que ajuda minhas mitocôndrias incansáveis...
O meu ópio me entorpece por minutos
E quero mais, sempre mais,
Sem ele não vivo,
Sem ele apenas existo.
O meu ópio me da vida
E me faz ver tudo de forma diferente;
E as lágrimas do meu ópio
Limpam os meus olhos
E apagam as cores, e colorem às vezes...
O meu ópio não tem nome,
Não tem cor,
Não tem dono...
O meu ópio me entorpece
E, mostra-me o eu,
E o outro eu,
Mostra o nós,
O eles...
O meu ópio me castiga,
Alegra-me, me traz ódio e amor,
O meu ópio é meu filho, é meu pai
E meu irmão.
O meu ópio sou eu mesmo,
O meu ópio é ninguém...
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19/10/2010

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