É
difícil encontrar alguém que não goste de cinema. A maioria não apenas assiste
aos filmes, mas chora, ri e até fica com raiva de certas situações. Muitos
discutem com os amigos sobre cenas e acontecimentos, bem como falam como
preferiam o final ou sobre a qualidade de seus filmes preferidos. Certas
discussões são acirradas e pagam fogo, mas é nesse momento que alguém vem e
fala – “Calma cara! É só um filme”... Mas e se não fosse?
Toda
essa minha enrolação é pra falar de um tipo de filme que tem tido cada vez mais
sucesso no público e aceite por roteiristas, produtores e diretores. Não. Não
estou falando de “baseados em fatos reais”. Refiro-me a filmes cujo conteúdo
foi adquirido por meio de um processo de pesquisa reconhecidamente confiável e
preciso. São as adaptações de livrosreportagens.
Primeiro.
Pra quem não conhece o termo, adaptação é o processo de pegar uma obra já
existente e transformá-la, adaptá-la para outro meio. Muitas obras da
literatura brasileira foram adaptadas para o cinema, tais como Memórias
Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis ou Vidas Secas de Graciliano Ramos.
Os filmes de super-heróis são adaptações do quadrinho para o cinema, e por aí
vai, da literatura ao teatro; do quadrinho à crônica.
A
questão é: todas essas obras são frutos da ficção, facilmente transformadas
para o cinema. É aqui que entra o livroreportagem. Quando trabalhos de pesquisa
jornalística, reportagens diárias, semanais, mensais ou de muitos anos são
compiladas em forma de livro, temos o livroreportagem, uma obra de pesquisa
jornalística que retrata a realidade por meio do que se vê, ouve e sente, seja
pelo repórter ou suas fontes.
Nos
últimos dois anos me detive em uma pesquisa que percebeu o alto número de
livrosreportagens que foram adaptados para o cinema. Só para citar alguns,
temos “Mauá, Empresário do império” (1995) de Jorge Caldeira, adaptado em 1999
por Sérgio Rezende com o nome de “Mauá: empresário do império”. Ruy Castro
escreveu “Estrela Solitária – Um Brasileiro Chamado Garrincha” (1995) que foi adaptado para o cinema em 2003, pelo
diretor Milton Alencar, com o nome de “Garrincha – estrela solitária”. Fora do
Brasil “Na Natureza Selvagem” (1996), adaptado em 2007 por Sean Penn e “No Ar
Rarefeito: um Relato da Tragédia no Everest” (1997) foi adaptado pelo diretor
Robert Markowitz no mesmo ano com o nome de “Morte no Everest”, ambos do
jornalista Jon Krakauer.
O
interessante de assistir a esses filmes é o fato de serem histórias reais, mas
tão impressionantes que muitas vezes não acreditamos no que assistimos.
Histórias incríveis como a de Olga, cuja biografia jornalística foi escrita por
Fernando Morais e a adaptação foi feita por Jayme Monjardim ou a do médium mineiro
Chico Xavier, biografado pelo jornalista Marcel Souto Maior e filmado por
Daniel Filho. São histórias que ouvimos falar e que poderia ter acontecido com
algum conhecido ou mesmo com cada um de nós.
No
mais, além de ressaltar a importância que o cinema esta dando para os fatos
jornalísticos, lembro que nesses casos não podemos supor um final diferente,
pois tudo aquilo aconteceu.
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